sábado, 14 de dezembro de 2013

RELATO DA MOSTRA INFANTIL CINEMATA POR ADRIANO SANTOS.

A Mostra Infantil Cinemata teve fim no dia 15 de novembro de 2013, mas deixou inúmeras lembranças na memória de todos que participaram e prestigiaram este acontecimento. Aqui segue o relato do assistente técnico do Cineclube Cinemata, Adriano Santos, que encheu de orgulho toda a equipe do projeto e também do Ponto de Cultura Estrela de Ouro com sua sensibilidade, presenteando a todos os leitores com uma sensacional riqueza de detalhes. Boa leitura!

Adriano Santos, assistente técnico do Cineclube Cinemata.

Relatório


Adriano Santos (assistente de produção)

A mostra Infantil Cinemata é um projeto vinculado ao Festival Canavial 2013, que em sua 7ªedição leva para a comunidade o samba, e várias apresentações culturais, divulgando a diversidade cultural, gerando na sociedade a reflexão sobre o valor da cultura local, mostrando que canavial é muito mais do que só um lugar no meio da cana-de-açúcar, e sim uma concentração rica de cultura, um acervo incontável de histórias e memórias, que não devem jamais ser esquecidas, e serem guardadas sempre na mente das pessoas.

A Mostra Infantil é formada pelos produtores: Ederlan Fábio e Bárbara Gonçalves, pelos assistentes de produção: Fabio Silva, Adriano Santos (eu) e Leandro Silva, e pela equipe de Lula Gonzaga.

A Mostra leva para a comunidade o Cineclube Cinemata que é uma ação criada com o intuito de levar o cinema para as ruas, parques, e praças. Sua programação direciona-se ao público infantil, relacionadas ao cotidiano das crianças e jovens, filhos e filhas de canavieiros.

Foram 03 dias de cinema de animação nos distritos de Tupaoca, Upatininga e Macujê, favorecendo a interação com as crianças e jovens através de sons, imagens e movimentos.

Introdução
Sou Adriano Santos (assistente de produção), tenho 16 anos, este é o meu primeiro ano no Festival Canavial. Fiquei muito feliz com o convite que recebi para fazer parte da equipe da Mostra Infantil Cinemata, porque tive a oportunidade de aprender as técnicas de como montar e desmontar um cinema na praça, como construir as estruturas para a tela, técnicas de som e imagem, mas o que valeu ainda mais do que fazer parte da equipe da Mostra Infantil foi conviver, mesmo que por pouco tempo, com Ederlan Fábio e Lula Gonzaga. 

dia- DISTRITO DE TUPAOCA - 13/11/2013

Nos três dias, nós (assistentes) fomos cobrados principalmente pela organização, esse foi o aprendizado primordial para que tivéssemos sucesso no trabalho. Nós sempre verificamos se todos os materiais e ferramentas estavam no carro, ia de cordas, cabos, chaves, até a tela. Por alguns desses lugares serem distantes foi necessário bastante atenção com cada objeto.

Tupaoca é um distrito calmo, com pessoas que tratam bem os visitantes, e isso foi percebido nos primeiros dias que fomos para divulgar e colar os cartazes víamos como as pessoas estavam interessadas em ajudar, querendo panfletos, ajudando a colar, perguntando, etc.

No dia 13 (dia da exibição) fomos em três, eu, Fabinho (Fabio Silva) e Ederlan. Precisávamos fazer duas viagens para carregar todo o material, eu fui na primeira viagem e fiquei com o material enquanto eles voltavam para buscar o resto. Neste tempo que fiquei em Tupaoca fiz muitas amizades com as crianças. Quando o resto da equipe chegou, nós montamos os grids, colocamos a tela, as cadeiras e o tapete. A equipe de Lula Gonzaga ficou responsável pelo áudio e imagem, área que eles tiram de letra. O filme começou e o que imaginávamos ser apenas uma atração se firmou em quatro, o filme em si, o cachorro de estimação de Lula, a apresentadora caracterizada e o pipoqueiro. Lá tivemos um público alto de no mínimo 80 pessoas, que lotaram as cadeiras e tornou a Mostra um sucesso.

Avaliação - foi cansativo, talvez por ser o primeiro dia, ou por ter sido muitas crianças, e a distribuição de pipoca ter sido um fator de desconcentração. Mas no final de tudo, quando desmontamos deu um alívio e uma sensação de dever cumprido.

2° dia-DISTRITO DE UPATININGA - 14/11/2013

Upatininga é um distrito carinhoso, e simpático, um lugar de povo religioso, que não economiza na fé e na devoção, ela também abriga a Banda 15 de Novembro, uma sociedade musical de história na comunidade.

Upatininga recebeu no período da tarde a aula espetáculo do Maracatu Estrela de Ouro de Aliança, nela eu percebi o interesse do pessoal com as nossas atividades educativas, eles participaram, e adoraram a aula. Quando as crianças demonstram interesse, nós que trabalhamos com cultura sentimos que é infindável a hereditariedade da cultura regional, sentimos que nossos esforços jamais serão esquecidos e que daqui a 20, 30 anos uma dessas crianças estará contando essas histórias. E tudo o que conservamos estarão guardadas nas histórias do povo.

Depois do sucesso da aula espetáculo do Maracatu começamos a montar a estrutura dos grids, colocamos o banner, tiramos os tablados, enfim fizemos o trabalho de rotina. Mas nossa maior dificuldade foi a falta de cadeiras para o numero surpreendente de pessoas, não tínhamos preparado tantas cadeiras para tanta gente que apareceu. Em cima da hora conseguimos dispor de cadeiras, arranjadas em escolas e nos órgãos municipais. O recorde de público fez com que a nossa Mostra fosse mais uma vez um sucesso.

Avaliação - o numero inesperado de pessoas me deu um pouco de medo, era a primeira vez que eu interagia com o publico, e eu não conhecia muito sobre como lidar com as crianças. Nenhuns dos meus conhecimentos de dança se compararam com aquele momento. Mas em contrapartida, o que me aliviava era que eu não me senti cobrado por isso.
Tudo deu certo.

3°dia-DISTRITO DE MACUJÊ -15/11/2013

De todos os dias de nossa trajetória, Macujê foi o lugar mais distante e mais preocupante, um lugar onde não cabia erro de produção. Fomos cedo, não queríamos errar o caminho e a falta de placas de sinalização dificultava a nossa ida e aumentava a preocupação. Quando chegamos fomos bem recebidos, começamos a montar nosso material preocupados com o tempo e também porque dividimos o espaço com um grupo religioso que utilizou o espaço antes de nós.

Fomos apreensivos e caprichosos. Neste dia tive a oportunidade de conviver ainda mais com Lula Gonzaga e sua equipe. Eles me ensinaram bastante sobre o Cinemata, sobre processo de produção, tempo de criação, entre outras coisas, cada comentário se tornava um novo questionamento que rendeu um longo dialogo e ainda mais proximidade entre nós.

Conseguimos concluir nossas tarefas tranquilamente, os “curtas" – filmes de curta duração  - fizeram bastante sucesso e ganharam um tom humorístico para as crianças da comunidade, percebíamos a interação do publico nos comentários entre os filmes, nas olhadas e em cada sorriso.

Tudo deu certo. Jantamos na casa se uma família muito simpática da comunidade. O bom sabor da comida da dona da casa selou o fim da Mostra. 

Avaliação - fiquei muito feliz, mas também muito triste, feliz por ter tido a oportunidade de viver essa experiência, mas triste por ter sido apenas três dias . Fico conformado porque o valor de cada experiência estará guardado no nosso coração e nas nossas histórias, que com certeza, agora temos muito que contar.


Fonte: texto postado por Adriano Santos, assistente técnico do Cinemata; introdução - Bárbara Gonçalves, produtora do Cinemata.