quinta-feira, 14 de abril de 2016

O CONTO DE FADAS "JOÃO E MARIA" DÁ INÍCIO AO "TEM LIVRO NA TELA" EM CHÃ DE CAMARÁ.

As exibições do projeto "TEM LIVRO NA TELA (Cineclube Cinemata e Biblioteca Mestre Batista num diálogo entre Cinema e Literatura)" tiveram início no dia 07 de novembro de 2015, no Ponto de Cultura Estrela de Ouro, espaço que sedia o Cineclube Cinemata e a Biblioteca Mestre Batista. 

A proposta da iniciativa, como já explicitado anteriormente aqui, é discutir a fusão da linguagem cinematográfica e literária proporcionando aos participantes experienciar diferentes construções culturais originárias de uma mesma narrativa, enfatizando a capacidade de comunicação entre texto e vídeo, mostrando que mesmo sendo fazeres diferentes se relacionam e se identificam. 

Para iniciar as atividades o tema escolhido foi: contos de fada; a obra literária foi: "João e Maria", conto de tradição oral coletado pelos Irmãos Grimm (Panadés e Olimpio). Esta obra foi escolhida por sua potência em demonstrar o valor de contar e ouvir histórias, visto que, a história remete à um fato ocorrido lá na idade média, que trazia consigo uma narrativa que montava vivências e costumes da época e que com o passar dos anos foi se adaptando aos novos fazeres da sociedade contemporânea. Sendo considerada uma obra clássica que perdura até os dias atuais, sempre dinâmica como naturalmente é a cultura e a literatura oral.
O livro escolhido foi o da editora Fundação Peirópolis, que integra a coleção “Livro de Imagem”. Para leitura de todas as idades, este livro de imagem, adaptado por Taisa Borges, faz uma homenagem à obra dos autores de contos de fadas germânicos, em quadros abertos a múltiplas leituras, enriquecidos pelo diálogo com as artes plásticas e com a memória oral. O livro, a partir das ilustrações, remonta algumas passagens do clássico, onde: duas crianças se perdem na floresta e ao encontrarem uma casa toda feita de doces são aprisionados por uma bruxa cega. E o filme foi o longa-metragem  Hansel and Gretel (João e Maria) de 1 hora e 25 minutos, produzido pela Golan-Globus.

Participaram das atividades 15 (quinze) crianças, onde no primeiro momento foi apresentado o livro de Taísa Borges e as crianças que conheciam o conto foram auxiliando a mediadora na montagem da história a cada virada de página. Ao fim da leitura das imagens do livro foi feita a exibição do filme, que trazia da mesma forma o conto de fadas com algumas alterações na história referentes às mudanças ocorridas da sociedade medieval para o contexto social da contemporaneidade.

A história tal como a conhecemos é uma versão esterilizada para a classe média do século XIX, mas a original era uma admoestação da dureza da vida na Idade Média. Devido à fome e à constante escassez de comida, o homicídio infantil era uma prática comum na Idade Média. Nesta história os irmãos são deixados no bosque para que morram ou desapareçam porque não podem ser alimentados.

Nas primeiras cópias da coleção dos Irmãos Grimm não havia madrasta; a mãe persuadiu o pai a abandonar os seus próprios filhos. Esta mudança, como na Branca de Neve, parece ser uma atenuação deliberada da violência contra as crianças, para as mães modernas que não suportariam ouvir sobre mães que ferissem os próprios filhos.

O motivo da mãe ou madrasta ter morrido quando as crianças matam a bruxa é porque a mãe ou madrasta e a bruxa são, de fato, a mesma mulher, ou, pelo menos, que a personalidade delas está fortemente ligada. Além de porém as crianças em perigo, têm a mesma preocupação pela comida: a mãe ou madrasta para evitar a fome e a bruxa com a casa feita de comida e o seu desejo de comer as crianças. Há também outra versão que é a de que João e Maria que resolveram dar um passeio e não que a mãe os expulsou de casa, eles se perdem na floresta e aí que encontram a casa de Doces. Esta última versão é a encontrada no livro da ilustradora Taísa, o que deu um bom parâmetro para que fossem discutidas questões como: o papel da mulher e da mãe na sociedade atual, a importância da não violência contra as crianças e ainda a percepção de que o audiovisual também possibilita a  leitura, embora, na maioria dos casos, esta já venha com um formato previamente elaborado, oferecendo o livro uma maior possibilidade de criação por parte do leitor.

Ao fim do debate as crianças puderam desenhar um novo final para a história e alguns desenharam o personagem que mais se identificou. Foi um dia bastante produtivo e com bastante participação dos pequenos que não se desprenderam das atividades nem por um instante.




















Fontes: Texto postado por Bárbara Gonçalves, assessora pedagógica do Ponto de Cultura Estrela de Ouro; fotos por Ederlan Fábio, produtor do Ponto de Cultura Estrela de Ouro e idealizador do Cineclube Cinemata.