A Mostra Infantil Cinemata teve fim no dia 15 de novembro de 2013, mas deixou inúmeras lembranças na memória de todos que participaram e prestigiaram este acontecimento. Aqui segue o relato do assistente técnico do Cineclube Cinemata, Adriano Santos, que encheu de orgulho toda a equipe do projeto e também do Ponto de Cultura Estrela de Ouro com sua sensibilidade, presenteando a todos os leitores com uma sensacional riqueza de detalhes. Boa leitura!
![]() |
Adriano Santos, assistente técnico do Cineclube Cinemata. |
Relatório
Adriano Santos (assistente de
produção)
A mostra Infantil
Cinemata é um projeto vinculado ao Festival Canavial 2013, que em sua 7ªedição leva para a comunidade o samba, e várias
apresentações culturais, divulgando a diversidade cultural, gerando na
sociedade a reflexão sobre o valor da cultura local, mostrando que canavial é muito mais do que só um lugar no meio da cana-de-açúcar,
e sim uma concentração rica de cultura, um acervo incontável de histórias e memórias,
que não devem jamais ser esquecidas, e serem guardadas sempre na mente das
pessoas.
A Mostra Infantil é formada pelos produtores: Ederlan Fábio e Bárbara
Gonçalves, pelos assistentes de produção: Fabio Silva, Adriano Santos (eu) e
Leandro Silva, e pela equipe de Lula Gonzaga.
A Mostra leva para a
comunidade o Cineclube Cinemata que é uma ação criada com o intuito de levar o
cinema para as ruas, parques, e praças. Sua programação direciona-se ao público
infantil, relacionadas ao cotidiano das crianças e jovens, filhos e filhas de
canavieiros.
Foram 03 dias de
cinema de animação nos distritos de Tupaoca, Upatininga e Macujê, favorecendo a
interação com as crianças e jovens através de sons, imagens e movimentos.
Introdução
Sou Adriano Santos
(assistente de produção), tenho 16 anos, este é o meu primeiro ano no Festival
Canavial. Fiquei muito feliz com
o convite que recebi para fazer parte da equipe da Mostra Infantil Cinemata,
porque tive a oportunidade de aprender as técnicas de como montar e desmontar
um cinema na praça, como construir as estruturas para a tela, técnicas de som e
imagem, mas o que valeu ainda mais do que fazer parte da equipe da Mostra
Infantil foi conviver, mesmo que por pouco tempo, com Ederlan Fábio e Lula
Gonzaga.
1° dia-
DISTRITO DE TUPAOCA - 13/11/2013
Nos três dias, nós
(assistentes) fomos cobrados principalmente pela organização, esse foi o
aprendizado primordial para que tivéssemos sucesso no trabalho. Nós sempre
verificamos se todos os materiais e ferramentas estavam no carro, ia de cordas,
cabos, chaves, até a tela. Por alguns desses lugares serem distantes foi necessário
bastante atenção com cada objeto.
Tupaoca é um distrito
calmo, com pessoas que tratam bem os visitantes, e isso foi percebido nos
primeiros dias que fomos para divulgar e colar os cartazes víamos como as
pessoas estavam interessadas em ajudar, querendo panfletos, ajudando a colar,
perguntando, etc.
No dia 13 (dia da
exibição) fomos em três, eu, Fabinho (Fabio Silva) e Ederlan. Precisávamos
fazer duas viagens para carregar todo o material, eu fui na primeira viagem e
fiquei com o material enquanto eles voltavam para buscar o resto. Neste tempo
que fiquei em Tupaoca fiz muitas amizades com as crianças. Quando o resto da
equipe chegou, nós montamos os grids, colocamos a tela, as cadeiras e o tapete.
A equipe de Lula Gonzaga ficou responsável pelo áudio e imagem, área que eles
tiram de letra. O filme começou e o que imaginávamos ser apenas uma atração se
firmou em quatro, o filme em si, o cachorro de estimação de Lula, a
apresentadora caracterizada e o pipoqueiro. Lá tivemos um público
alto de no mínimo 80 pessoas, que lotaram as cadeiras e tornou a Mostra um
sucesso.
Avaliação - foi cansativo, talvez
por ser o primeiro dia, ou por ter sido muitas crianças, e a distribuição de
pipoca ter sido um fator de desconcentração. Mas no final de tudo, quando
desmontamos deu um alívio e uma sensação de dever cumprido.
2° dia-DISTRITO DE UPATININGA -
14/11/2013
Upatininga é um
distrito carinhoso, e simpático, um lugar de povo religioso, que não economiza
na fé e na devoção, ela também abriga a Banda 15 de
Novembro, uma sociedade musical de história na comunidade.
Upatininga recebeu no período
da tarde a aula espetáculo do Maracatu Estrela de Ouro de Aliança, nela eu
percebi o interesse do pessoal com as nossas atividades educativas, eles
participaram, e adoraram a aula. Quando as crianças demonstram interesse, nós que trabalhamos com cultura sentimos que é
infindável a hereditariedade da cultura regional, sentimos que nossos esforços
jamais serão esquecidos e que daqui a 20, 30 anos uma dessas crianças estará
contando essas histórias. E tudo o que conservamos estarão guardadas nas histórias
do povo.
Depois do sucesso da
aula espetáculo do Maracatu começamos a montar a estrutura dos grids, colocamos
o banner, tiramos os tablados, enfim fizemos o trabalho de rotina. Mas nossa
maior dificuldade foi a falta de cadeiras para o numero surpreendente de
pessoas, não tínhamos preparado tantas cadeiras para tanta gente que apareceu.
Em cima da hora conseguimos dispor de cadeiras, arranjadas em escolas e nos órgãos
municipais. O recorde de público
fez com que a nossa Mostra fosse mais uma vez um sucesso.
Avaliação - o numero inesperado
de pessoas me deu um pouco de medo, era a primeira vez que eu interagia com o
publico, e eu não conhecia muito sobre como lidar com as crianças. Nenhuns dos
meus conhecimentos de dança se compararam com aquele momento. Mas em
contrapartida, o que me aliviava era que eu não me senti cobrado por isso.
Tudo deu certo.
3°dia-DISTRITO DE MACUJÊ -15/11/2013
De todos os dias de
nossa trajetória, Macujê foi o lugar mais distante e mais preocupante, um lugar
onde não cabia erro de produção. Fomos cedo, não queríamos
errar o caminho e a falta de placas de sinalização dificultava a nossa ida e
aumentava a preocupação. Quando chegamos fomos
bem recebidos, começamos a montar nosso material preocupados com o tempo e também
porque dividimos o espaço com um grupo religioso que utilizou o espaço antes de
nós.
Fomos apreensivos e caprichosos.
Neste dia tive a oportunidade de conviver ainda mais com Lula Gonzaga e sua
equipe. Eles me ensinaram bastante sobre o Cinemata, sobre processo de produção,
tempo de criação, entre outras coisas, cada comentário se tornava um novo
questionamento que rendeu um longo dialogo e ainda mais proximidade entre nós.
Conseguimos concluir
nossas tarefas tranquilamente, os “curtas" – filmes de curta duração - fizeram bastante sucesso e ganharam um tom humorístico
para as crianças da comunidade, percebíamos a interação do publico nos comentários
entre os filmes, nas olhadas e em cada sorriso.
Tudo deu certo.
Jantamos na casa se uma família muito simpática da comunidade. O bom sabor da
comida da dona da casa selou o fim da Mostra.
Avaliação - fiquei muito feliz, mas também
muito triste, feliz por ter tido a oportunidade de viver essa experiência, mas
triste por ter sido apenas três dias . Fico conformado porque o valor de cada
experiência estará guardado no nosso coração e nas nossas histórias, que com
certeza, agora temos muito que contar.
Fonte: texto postado por Adriano Santos, assistente técnico do Cinemata; introdução - Bárbara Gonçalves, produtora do Cinemata.